Os espíritos-livres (libera ingenia) não são como poderíamos esperar que fossem. Seu caráter e suas disposições são diferentes daquelas que as circunstâncias parecem induzir, num determinado momento, numa determinada sociedade. Mostram-se como um efeito sem causa.
Sua liberdade fica sinalizada por uma certa excentricidade do sujeito, o que causa um certo desconforto, às vezes neles mesmos, às vezes no meio social envolvente.
De fato, os espíritos-livres não se enxergam. Quer dizer, são incapazes de enxergarem-se com os olhos dos outros. A imagem que têm de si mesmos é sempre diferente, para melhor ou para pior, da imagem que os outros fazem deles. Esse desencontro é um problema de identidade. E esse problema de identidade é a sua liberdade.
Num momento de rebelião consciente, o espírito-livre pode dizer: _ "Eu não sou isso que vocês dizem que eu sou". Mas sua liberdade nem sempre se manifesta como rebeldia.
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