Não vale muito (é até mesmo, a meu ver, nocivo) fazer da filosofia uma atividade para poucos, algo inacessível, muito difícil, para a maioria dos pensadores por mais esforçados que sejam.
Afinal: “A teoria da verdade [a filosofia] é, em certo sentido, difícil, e, em outro sentido, fácil. A prova disso: ninguém pode alcançar a verdade adequadamente, nem perdê-la completamente”*.
Certo, a filosofia já não pretende, há tempos, à contemplação da verdade. Mas isso não invalida a colocação, muito pelo contrário.
A sacralização da filosofia serve apenas a um desejo de glória desdobrado em desejo de dominação, à maneira da sacralização da teologia pelos teólogos.
De fato, tudo depende do alvo almejado. Se a mira é suficientemente ampla, qualquer um pode ser arqueiro (“quem não meteria uma flecha numa porta?”**).
(*) ARISTÓTELES. Métaphysique. Tome 1. Livres A-Z. Trad. J. Tricot. Paris: J. Vrin, 2000 [1933]. II, 1, 993a30. P. 59.
(**) Ibid. 993b5. P. 60.
Nenhum comentário:
Postar um comentário