Percursos entre imagens e essências


As imagens parecem se oferecer à imaginação num prazer imediato, que demanda aderência.

As essências, à inteligência num labor dolorido, que impele a um afastamento.



Esquecer-me?


Eu sei A, eu sei B, C, D...
Preocupa-me saber A e não esquecer disso na hora H.
Um mal do saber está nessa preocupação.

Despreocupado, eu já não sei A, B ou D, como sabia, mas de outro modo, se o que eu passo a saber sempre me transforma.


++ gás



Vivo, ou envelheço, no ponto-limite de uma linha esticada imaginariamente a partir de um outro ponto, este real, segundo a ideia arbitrária de um certo habitante da Terra. Na ponta do real, diríamos. Um passo além, e caio no inexistente.




+ gás



Em geral, tomo um grupo de palavras estranhas, sonoras, como se fosse o convite erótico de uma porta semiaberta por um amante desconhecido. Sem o desejo de se conter, meu corpo se expande por ali, como um líquido, ou melhor, um gás. Não sai de onde está, mas vai através da abertura também, perdendo sempre algo da sua densidade. Cada vez mais gasoso.



retardamento


que há em cuidar de um gato?
que se passa? que transformação?
nada
nessa atenção afetiva
nenhuma caridade nenhuma revolução


A de-finição em filosofia


A definição pode até aparecer no início, como na Ética de Spinoza, mas ela só se deixa alcançar quase no final (quase – porque não há fim). É, como a semente, a resultante última do processo que ela inaugura.