SIMULTANÉ 1: o inconsciente – simul – a consciência de si


Tese

O inconsciente se gera na e pela geração da consciência de si e do resto. Ou: toda produção de consciência de si e do resto produz, necessariamente, um elemento de inconsciência (um si inconsciente).

Demonstração

A consciência de si se gera (se abre) pelo interdito do resto, pelo “não!” do resto. Só há consciência de si na experiência do limite.

No entanto e na medida em que o si é um ser erótico (deseja ser tudo e, portanto, à medida que tem consciência de si, deseja transgredir os seus limites), o si sofre de sua própria consciência limitada pelo resto.

Logo, movido pelo desejo de sua própria afirmação (ou seja, pelo princípio do prazer), resta ao si uma única alternativa, que é a seguinte:

– O si mover-se eroticamente na direção do resto encobrindo em si mesmo o desejo de transgredir os limites do resto. Esse encobrimento se dá inconscientemente. Esse encoberto é o si inconsciente.

O inconsciente acontece na simultaneidade da consciência de si e dos interditos do resto.







Ser e atividade

O ser só é na medida em que atua. Se não atua, não é. É nesse sentido que, pode-se dizer, o ser é uma essência atual ou um quantum de potência.

A atividade não é acidental ao ser. Por isso, o ser é uma força atuante ou potência (em meio a outros seres, isto é, outras forças ou potências).

Mas é preferível dizer potência, ao invés de força, pois na força pensamos um vetor com uma intensidade e uma direção e sentido definidos, enquanto na potência pensamos uma intensidade que se expressa em todas as direções e sentidos.

O ser não é um substrato fixo que eventualmente se ativa (o ser não é um sujeito gramatical, como a atividade não é um predicado de um sujeito). O ser é a atividade mesma na qual e pela qual se expressa.



Maneirismo

Tese: toda experiência social que se aproxima de seu termo (isto é, que tem seus objetos realizados tais quais propriedades de uma essência atual), como o capitalismo tardio das sociedades abastadas, tende a concentrar-se, a concentrar seu esforço ativo, não mais apenas nos seus próprios objetos, mas sobretudo nas maneiras de realizá-los. A demonstrar.


Exemplo: chocolate ao leite, meio-amargo, amargo a 50%, 60%, 65%, 70%, 80%, 82%, 88%, 96%...