Golpe e revolução


Ortega y Gasset pensou a revolução como o transbordamento das forças sociais sobre o “poder público”, que é a força estatal, a força que o Estado possui para reprimir o levante social.

Para ele, o poder público, atualmente (ele escrevia em 1927), é muito superior às forças sociais, de tal modo que a revolução tornou-se impossível, pelo menos na Europa. “¡Adiós revoluciones para siempre! Ya no cabe en Europa más que lo contrario: el golpe de Estado”*.

Assim, com o excesso do poder público, as únicas variações possíveis nos regimes políticos ocorrem por meio de golpes de Estado. Uma troca de figuras comandantes. O comando do poder público passa para as mãos daqueles que, com maior facilidade, ou seja, com a menor violência possível, podem garantir o controle das forças sociais.





(*) ORTEGA Y GASSET, José. La Rebelión de las Masas. P. 84.




Objetos do desejo imbecil


Até que ponto estamos, de fato, nesta disposição do nosso modo de ser?

Falo desta:

Não poder mais se privar no imediato de nenhum pequeno prazer. Não poder mais experimentar o desprazer da menor privação, sequer temporariamente. Tudo tem de ser imediatamente satisfeito. Tudo que se propõe virtualmente ao nosso desejo como objeto, transforma-se, de imediato, em falta, em carência essencial.