A economicidade da filosofia


Para mim, isto é, para alguém que como eu pensar ou não pensar nada acrescenta aos meios de conservação de sua existência, a filosofia é uma despesa improdutiva, uma extravagância. No entanto, ela não deixa de ser econômica.



A destruição espetacular de riquezas


A destruição espetacular de riquezas* é um modo primitivo de atividade econômica. Ela se destinava originariamente ao desafio dos rivais.

Ora, a economia moderna é ainda o espetáculo dessa destruição, mas globalizada, total e sem externalidade. Assim, a questão: – quem faz modernamente o papel do rival?



(*) Conferir: BATAILLE, Georges. La notion de dépense [1933]. In: La Part maudite. Paris: Minuit, 2011. P. 28.

A improdutividade contemporânea da política


Modernamente, as políticas de Estado são pensadas como despesa produtiva: como atividade que serve às condições da produção e à conservação da vida dominada.

Tem se tornado porém despesa improdutiva*, maldita, como o sacrifício, o luxo, o jogo ou a arte. 

Essa improdutividade da política então nos aproxima dos antigos?







(*) BATAILLE, Georges. La notion de dépense [1933]. In: La Part maudite. Paris: Minuit, 2011. P. 23 e sgt.

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A diferença entre acompanhar as notícias e fazer notícias. Teatro e história. Representar e pensar.


Já não devemos mais acompanhar as notícias


...elas nos prendem como capítulos de uma telenovela... não saímos mais do sofá... para nos tornarmos os eternos espectadores do teatro da política...

...as notícias se repetem, num ciclo amortecedor ou mortal... não são as notícias e os jornais que fazem a experiência de vida ou a história...


Para onde vamos?



A função política da crise do acontecimento é imobilizar a potência de pensar. Projeto niilista: o real se torna impensável; a dominação é facilitada. Já não é preciso governo.