Paráfrases: desejo e objeto

Realmente, não há como orientar o desejo pela ideia de bem. Pois é a ideia de bem que se forma a partir do desejo.

Não podemos primeiro e de maneira independente nos representar a ideia de bem, para depois desejá-la. Pois é a partir das inclinações do nosso desejo que formamos nossa ideia de bem real.

Entretanto, nosso desejo não é por natureza inclinado, não nasce determinado por objetos, para objetos. Ele precisa inclinar-se, isto é, ganhar o hábito da inclinação na direção de objetos que lhe são eventualmente apresentados como bens, como desejáveis.

Na formação do hábito, com numa captura, o desejo, naturalmente indeterminado, se determina, ganha um objeto, torna-se desejo de objetos pré-determinados.

Os dispositivos de poder são como arapucas do desejo.

Apego às causas de alegria

Muitas de nossas dificuldades, superstições, temores, sofrimentos (desideria, longings), se originam de nossa tendência para buscar prolongar indefinidamente, se não a eternizar, a fruição de bens fortuitos, dos bens, prazeres, alegrias, amores, que podemos atribuir não a nós mesmos, mas à fortuna.

Mecanismos afetivos VIII – a escolha do sucessor

É explicável a tendência do imperador para escolher um sucessor um pouco menos habilidoso, um pouco menos apto ao exercício do poder do que ele mesmo.

Se escolhesse alguém mais capaz, sentiria inveja, pensando que o povo honraria seu sucessor mais do que a ele.

Por outro lado, se o imperador ama de fato aquele que escolheu como seu sucessor – poderia se objetar –, ele teria todo interesse de que o povo também o amasse, pois sendo seu amante, o imperador se alegraria com o seu sucesso. Em geral, porém, o imperador não escolhe seu sucessor por amor, mas porque é forçado pela lei ou por outros motivos alheios a si.

Entretanto, por medo de perder o amor do povo e até mesmo de ser odiado por ele, o imperador não escolheria alguém muito menos habilidoso do que ele mesmo, nem se o amasse. Se escolhesse assim, imaginaria que também seria considerado pelo povo como uma causa do seu desgosto com o sucessor, que no final das contas teria sido escolhido por ele.

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De fato, aquilo que o espírito de um físico deseja é uma metafísica.

Poder e potência

Poder tem a ver com a possibilidade de afirmar ou negar, de se dar ou não se dar. Potência, com a necessidade, com o que se afirma necessariamente, com o que necessariamente se dá.

Ora, o acontecimento é necessário, se dá e se afirma necessariamente. Ele se refere unicamente à potência.

O eventual é o contingente, o que pode ou não se dar, se afirmar. Mas, isso só é pensável a partir de uma perspectiva humana, como imaginável. Por isso, o poder é uma coisa que se refere à imaginação.

Fragmentos de informação

A informaçãoBLOG é fragmentária, não porque se exponha em fragmentos, mas porque seu conteúdo informativo não é jamais inteiro, não se completa jamais. A informaçãoBLOG não é uma pequena dose de uma informação em dose inteira.

A dose inteira nunca vem, nem portanto a overdose.

E você? Você se contenta apenas com o parcial?

O parcial traz algum contentamento, jamais uma satisfação plena.

Pelo menos, no contentamento com o parcial, estaria refutado o dito do Eclesiastes (1:18) sobre a overdose, que afirma: qui auget scientiam, auget dolorem (quem aumenta a ciência, aumenta a dor).

A informação a pequenas doses provê uma satisfação que não se anula, nem se acumula.

O papel da verossimilhança e da verdade para a vida

Spinoza aceita o verossímil (o que se assemelha à verdade), e reconhece que no uso da vida, na maior parte do tempo, não é preciso conhecer a verdade para agir bem. Mas, o limite do verossímil é a verdade. Ou seja, o verossímil não pode contradizer a verdade, sob pena de nos engajarmos numa via absolutamente falsa e, sendo falsa, necessariamente nociva à salvação, à beatitudo ou à liberdade.

Spinoza aceita o imaginário desde que não contradiga a verdade.

Nietzsche, por outro lado, põe em conflito a verdade e a utilidade. De fato, essa é a sua questão: por que devemos considerar o verdadeiro como necessariamente útil à vida? Não seria antes o contrário? Não seria a verdade algo que prejudica a vida?

Política sem obediência

No bioimpério: a docilidade na obediência se dá pela consciência de si não apenas como corpo, mas a partir daquilo que elimina a potência do corpo (o mal).

No império ortodoxo sobre o espiritual: a docilidade na obediência é obtida a partir da consciência de si não apenas como alma, mas a partir daquilo que limita a potência da alma (o bem como um imperador externo que aprendemos a amar).

A vera espiritualidade política (assim como a verdadeira corporeidade política, que em nada seria diferente) fixa a potência e não o limite da alma, isto é, elimina a experiência da obediência. No fundo, a obediência exige a representação de um imperador externo.

Amor fati II

O amor fati enquanto amor do acontecimento é também uma ratio vivendi (um princípio de orientação da existência) na direção do sumo bem, a beatitudo, pois:

À medida que a mente intelige todas as coisas como necessárias, nessa medida tem maior potência sobre os afetos, ou menos padece por eles. (Spinoza, e5p6)

Tomar “todas as coisas como necessárias” é inteligi-las como acontecimentos regidos pelo determinismo (no sentido do nosso determinismo, ou seja, podemos inteligir as coisas como necessárias, mas só podemos imaginá-las, representá-las, como possíveis).

Amor fati

O que significa o amor fati, o amor do fato, do destino? Aparentemente, duas coisas distintas.

Pode significar o amor para com o existente enquanto evento, ou seja, enquanto algo necessário, incontornável, é certo, mas sobretudo também previsível e humano. As coisas são como são, e são como são porque são desdobramentos de nós mesmos. As coisas são como são porque são como somos. Nesse caso, o amor se acompanha de um reconhecimento absoluto.

Pode significar outra coisa: o amor para com a essência do existente ou para com o existente enquanto acontecimento, enquanto algo necessário e imprevisível. Amor do fato, não como manifestação do humano, mas do divino. Amor do fato, porque ele em parte nos escapa. Nesse caso, o amor se acompanha de um estranhamento parcial, de um reconhecimento-estranhamento.

Vale ressaltar que, nesse segundo sentido, o amor fati não é o amor do milagre, acompanhado de um estranhamento absoluto. O acontecimento e o milagre diferem nisso que o milagre nega, perverte a ordem necessária dos acontecimentos, e pressupõe uma transcendência, um outro mundo, outros mundos possíveis.

Do milagre ao acontecimento, está a necessidade apenas inteligível, mas não imaginável. Assim como, do acontecimento ao evento, estão a representabilidade e a imaginação humanas.

O amor fati como amor do acontecimento é um amor intelectual. Como amor do evento é um amor imaginativo.

Nosso determinismo

Em relação ao determinismo, o pensamento adotável é o seguinte.

Por um lado, podemos inteligir que tudo acontece necessariamente, segundo a ordem divina do mundo, e que portanto só há um mundo possível. Por outro, porém, não podemos em absoluto imaginar ou representar essa ordem, isto é, não podemos eventualizar o acontecimento.

Desse modo, tudo (salvo alquilo que inteligimos como impossível) é para nós como que possível, apesar de divinamente necessário.

Vestimentas ou fantasias de carnaval II

Na mistura carnavalesca da razão com as paixões, da verdade com as opiniões, o problema é adotar o modelo da separação do joio do trigo. Nesse negócio, nem as paixões são o joio, nem a razão o trigo. Verdade e opinião muitas vezes são inseparáveis, e só se pode perceber a verdade com as opiniões (não exatamente através delas).

Tal pretensão equivaleria a separar dos devaneios mundanos de Proust uma verdade como esta:
Uma ideia forte comunica um pouco de sua força ao contraditor. Participando do valor universal do espíritos, ela se insere, se enxerta, no espírito daquele que ela refuta, no meio de ideias adjacentes, em ajuda das quais, retomando alguma vantagem, ele a completa, a retifica; tão bem que a sentença final é de algum modo a obra das duas pessoas que discutiam. É às ideias que não são, propriamente falando, ideias, às ideias que, não remetendo a nada, não encontram nenhum ponto de apoio, nenhum ramo fraterno no espírito do adversário, que este último, lidando com o vazio puro, nada encontra para responder.

PROUST, Marcel. À l'ombre des jeunes filles en fleurs. Paris: Gallimard, 1988 [1919]. P. 132.

Vestimentas de carnaval

Assim como acontece com a razão, que frequentemente aparece revestida de paixões, não nos é raro perceber a verdade envolvida pelos conteúdos mais imaginários, muito pelo contrário.

O gênero de desejo vulgar menos temível

Já conversamos a respeito, mas vale retomar o assunto.

Dos três desejos mais vulgares, o amor às honras, o amor às riquezas e o desejo de prazeres sensuais, este último, a libido, parece ser o menos temível para Spinoza (cf. o início do Tractatus de intellectus emendatione), porque a libido, diferentemente dos outros dois tipos de desejo vulgar, compreende na sua própria satisfação o seu limite.

De certo modo, a libido conteria em si mesma (na sua realização) o seu freio.

Os prazeres dos sentidos, os que advêm da boa e farta comida, e da bebida inebriante, da visão do belo, do tato do aveludado e do lubrificado, do olfato da rosa e da audição da música harmoniosa, engendram desejos limitados pela sua realização. Na medida em que os realizamos, estes desejos perdem sua intensidade, e chegamos até mesmo a nos arrepender de tê-los satisfeitos, quando cometemos nisso algum excesso.

Por contra, o amor às riquezas e o amor às honras, quanto mais os satisfazemos, tanto mais desejamos satisfazê-los. Na sua satisfação o desejo só aumenta. Por não possuírem limites próprios, são desejos desenfreados e perigosos.

Os grandes cronistas e os desvios

É possível um grande escritor, um cronista muito perspicaz, alcançar num livro a descrição modelar do hábito e da índole de uma sociedade e, com isto, fixar, como em uma fotografia, os seus traços comportamentais mais característicos. E de tal modo que todo o esforço (o desejo) da posteridade, uma vez que o livro tenha se tornado amplamente conhecido, se concentre em se afastar daqueles traços, que ao mesmo tempo lhe servem de modelo e de amarra.

Pois ocorre que, ao tomar consciência de si, o sujeito deseje se afirmar, negando o si que lhe aparece.

Maimonides e a eugenia negativa

Muito lindas e inspiradoras são as opiniões de Maimonides sobre a proximidade entre a influência divina e o intelecto humano, entre o intelecto e o amor humano de Deus.

Mas, Maimonides (e isso é extremamente relevante para a sua probidade intelectual) leva ao extremo a conformidade de seus pensamentos racionais com a lei revelada (no seu caso, a lei mosaica, em outros, a shari’a).

Antes de prosseguir, uma definição. Eugenia negativa é a técnica de promoção do gênero, isto é, da espécie, mediante a eliminação dos indivíduos nocivos, defeituosos, que de algum modo exercem uma má influência sobre os outros indivíduos da mesma espécie.

Para Maimonides, os indivíduos nocivos, no caso da espécie humana e, mais especificamente, dos judeus, são os pecadores que pecam por presunção e desrespeito a Deus.

“Segundo a minha opinião, todos os membros da comunidade israelita que, com insolência e presunção, transgrediram qualquer preceito divino, devem ser condenados à morte” (III, XLI, 349).

E mais, os ignorantes e desobedientes, aqueles que não possuem qualquer dom intelectual e, ainda por cima, desobedecem a Deus, estes estão totalmente alheios à influência divina, que sempre é intelectual, e devem ser mortos [detalhe e motivo] para o bem da humanidade.

“[...] a ação da providência divina é proporcional ao dom do intelecto. A relação de providência divina, portanto, não é a mesma para todos os homens; quanto maior a perfeição humana que uma pessoa alcança, tanto maior é o benefício que ele retira da providência divina. [...] Na mesma medida em que as pessoas são ignorantes e desobedientes são deficientes daquela influência divina, nessa mesma medida sua condição é inferior, e o seu ranque igual àquele dos seres irracionais. Por esta razão, não era apenas considerado uma coisa sem importância o fato de matá-los, mas isso era mesmo diretamente comandado para o benefício da humanidade” (III, XVIII, 289)


Há diversos graus de proximidade a Deus. Os mais distantes são os que habitam fora do território de Deus, fora de qualquer influência divina, os que não possuem qualquer religião, nem racional nem tradicional. Estes não são seres humanos, estão abaixo da humanidade, embora acima dos macacos.

Pior do que estes, porém, mais nocivos, são os que habitam o território de Deus, mas voltam suas costas para Ele. Possuem religião e pensamento, mas defendem falsas doutrinas. Em certas situações, torna-se necessário eliminá-los e extirpar, com eles, as suas falsas doutrinas, a fim de que outros não sejam desviados por eles da verdadeira direção (III, LI, 384).

Conhecimento e providência

Para Maimonides, há uma relação inextricável entre conhecer e cuidar, entre o intelecto e o amor.

Deus só cuida daquilo que conhece, e só aquele que conhece, por sua vez, é cuidado. Buscar o conhecimento e, mais especificamente, o conhecimento de Deus, portanto, equivale a buscar o cuidado de Deus, a Sua providência.

O intelecto é o divino no ser humano. É pelo intelecto que Deus exerce sua influência.

A ação da providência é proporcional ao dom do intelecto no indivíduo humano (Guia dos perplexos, III, XVIII).

Com isso, Maimonides chega à máxima de que Deus faz bem àquele que pratica o bem, e pune aqueles que praticam o mal. Do bem e do mal, o critério são os 630 preceitos da lei divina (III, XXXI).

Mas, não basta a prática do bem, para nos aproximarmos de Deus. Para entrar na morada de Deus e estar junto a Ele, numa vida eterna, é preciso investigar corretamente os princípios da religião (III, LI).

Oniciência divina e conhecimento do inexistente

Do fato de que Deus conheça o inexistente, para Maimonides, não se infere que Deus conheça tudo. Deus conhece apenas o racional. Do mundo sublunar, do nosso mundo, Deus conhece apenas as espécies eternas e o intelectual no humano. E apenas disso que Ele conhece Ele cuida.

Conhecer o inexistente, porém, não significa conhecer o impossível. Deus não conhece o impossível, logo, também o ser humano não pode conceber o impossível.

O conhecimento positivo só conhece o existente.

O conhecimento metafísico só conhece o possível, isto é, o racional.

Conhecimento do inexistente

Conhecer o que não existe, esta parece ser uma pretensão implausível. Como, afinal, saber da verdade do que não se dá?

Os adversários de Maimonides tentavam refutar a ideia do conhecimento divino a respeito dos indivíduos, a absoluta oniciência divina, com a seguinte objeção, que tange o conhecimento do inexistente.

Se Deus conhece tudo, Ele conhece os indivíduos antes mesmo de existirem. Isso implica que há conhecimento do que não existe. Mas, conhecer o inexistente é impossível. Portanto, Deus não conhece tudo.

Esse argumento é reforçado por um outro, que lhe é anterior.

Se Deus conhece tudo, Ele conhece os indivíduos que passam a existir. Mas, ao conhecê-los, ele varia seu conhecimento. Ora, Deus não muda, é imutável. Portanto, Deus não conhece tudo*.
Com isso, estes adversários pretendem provar que Deus conhece apenas a si mesmo, não conhece o terrestre, e não cuida para o que acontece no mundo.

Maimonides concede, Deus não muda. Mas, Deus não conhece os indivíduos apenas quando eles passam a existir, Ele os conhece desde sempre. Assim, a passagem individual à existência em nada muda o conhecimento de Deus, que é o mesmo, eternamente.

Ora, isso implica ser possível o conhecimento do inexistente. Maimonides concede nisso. Para ele, porém, conhecer o que não existe não é um absurdo.

A afirmação de que só pode haver conhecimento do existente é típica da ciência positiva ou positivismo, e Maimonides é um teólogo-metafísico.

(*) MAIMONIDES, Moses. The Guide for the Perplexed. Trad. M. Friedländer. 2 ed. New York: Dover Publications, 1956 [1881, 1904]. Cf. Parte III, capítulo XVI, p. 280 ss.

Da oniciência divina

Eles (os Mu’tazila) se contradiziam porque afirmavam que Deus tudo sabe, enquanto, por outro lado, também afirmavam que o ser humano tem a vontade livre. Basta refletir um pouco, escreve Maimonides, para descobrirmos a contradição que há nisso*.

Refletindo um pouco, tento uma explicação.

Se Deus tudo sabe, então Ele também sabe as ações concretas de um ser humano qualquer. Ora, mas se Ele as conhece, então as decisões que lhes correspondem não cabem propriamente ao ser humano. O humano não tem em si mesmo o poder, correlato do livre-arbítrio, de fazer ou de não fazer, de praticar ou de não praticar, alguma coisa.

O ser humano não ter o poder, esta é a única condição para que Deus saiba tudo o que vai acontecer.

(*) MAIMONIDES, Moses. The Guide for the Perplexed. Trad. M. Friedländer. 2 ed. New York: Dover Publications, 1956 [1881, 1904]. Cf. Parte III, capítulo XVII, p. 285.

Terrível engano sobre a liberdade

O caminho para a liberdade jamais pode começar pela supressão da liberdade.

A liberdade é uma prática, só se conhece enquanto se exerce.

Não há liberdade, senão em exercício.

Por isso, não se pode se justificar a opressão em nome de uma liberdade que virá.

Uma liberdade que virá ninguém conhece, porque ninguém a pratica.

Uma pergunta

Responda-me. É possível um indivíduo ter consciência das coisas e não ter junto consciência de si?

Ciclos do pensamento

Não se dá tudo, então, de modo cíclico?
No ir racionalizando, vir, no vir desracionalizando, ir?

Indo: do mito à teologia, da teologia à metafísica, da metafísica à ciência positiva?: vindo.
Vindo: da ciência positiva à religião, da religião à superstição, da superstição ao mito?: indo.

Liberdade e intelecção

Para que nos munir, nos apossar, nos armar de uma grade conceitual a mais complexa possível e, ainda assim, internamente articulada?

Para fazer desta atualidade presente um quebra-cabeça inteligível.

A verdade não pode contradizer a verdade II

Hoje em dia nos habituamos a perscrutar a verdade na voz do mercado, do livre-mercado. O livre-mercado, para nós, é o lugar da veredicção, a fonte da verdade, o oráculo racionalizado dos nossos tempos.

Assim, quando os índices econômicos indicam que algo vai mal com o mercado, isso indica, para nós, que, na verdade, algo vai mal com a política, com o governo, com a política de governo.

A verdade da política não pode contradizer a verdade do mercado. Quando o faz, o mercado revela, se pronuncia, nos avisa, e os índices econômicos desvelam a verdade como pecado da política.

Porém, se considerássemos a verdade do mercado como verdade de um tipo definido de experiência humana, de um tipo determinado de governamentalidade, então a variação dos índices econômicos indicariam, para nós, apenas a variação da intensidade do conflito entre duas formas de política, entre duas fontes de veredicção.