Propriedade – Rudimentos da economia (II)

A propriedade é uma relação, seja entre dois corpos diferentes, seja entre um corpo e uma mercadoria.

Como relação entre dois corpos, a propriedade é a apropriação de um corpo por outro. O corpo apropriado é o corpo escravo. O corpo que se apropria é o corpo do senhor de escravos. Todo esforço finalizado do escravo, toda satisfação produzida por ele, seja imediata, seja mediada pela mercadoria, é apropriada pelo senhor do seu corpo.

Sendo a propriedade uma relação entre dois corpos diferentes, um corpo não é propriedade de si mesmo, não faz sentido falar do corpo como escravo de si.

Como relação entre um corpo e uma mercadoria, a propriedade é a apropriação da mercadoria acumulada pelo trabalho. O corpo que se apropria da mercadoria é o corpo proprietário. Todo proprietário é um corpo que se apropriou de uma mercadoria.

Entre a mercadoria e quem trabalhou por ela não há necessariamente uma relação de propriedade.

Quando o corpo se apropria do acúmulo do seu próprio trabalho, a mercadoria que produz é sua propriedade, quer dizer, pode ser usada para satisfazer suas necessidades, ou trocada pelo trabalho de outros corpos, acumulados ou não.

A apropriação é a defesa de uma mercadoria, por parte de um corpo, em detrimento do seu livre uso por outros corpos. Para que a operação da troca seja possível, já é necessária a apropriação. Não é possível trocar uma mercadoria que não tenha um proprietário.

Assim, quando a mercadoria tem valor de troca ela é propriedade de um corpo, que se apropriou dela. A mercadoria apropriada perde seu valor de uso indeterminado. Seu valor de uso é determinado pela sua relação ao corpo que apropriou-se dela.

O proprietário pode usar ou trocar a mercadoria por ele apropriada. Se a mercadoria é dinheiro, o proprietário só pode trocá-lo.

O proprietário pode trocar seu dinheiro pelo trabalho de um outro corpo, do qual ele não é proprietário. Trabalho que, dependendo da situação, ele acumula na forma de mercadoria, ou usa imediatamente para satisfazer-se.

Quando se troca a mercadoria, troca-se também a relação de propriedade da mercadoria de um corpo a outro.

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