A essência econômica da matéria-prima é a disponibilidade.
A matéria-prima está à disposição, e enquanto tal não é efeito de nenhum acúmulo de trabalho. Por isso a matéria-prima não é uma mercadoria, embora possua valor de uso.
Um corpo pode usar a matéria-prima para satisfazer imediatamente sua necessidade.
Um corpo pode usar a matéria-prima, acondicionando-a, para acumular seu trabalho. Nesse processo a matéria-prima torna-se a matéria ou parte da matéria de uma mercadoria.
Quando envolvida em uma existência de mercadoria, a matéria-prima torna-se simplesmente matéria.
A matéria-prima, em estado de disposição, antes de acumular o trabalho de um corpo, não é uma ferramenta, pois não é uma mercadoria, embora possa ser usada para produzir mercadorias.
A matéria-prima que, pelo acúmulo de trabalho, se transforma em matéria que pode ser utilizada na produção de outras mercadorias, se transforma, ao mesmo tempo, em ferramenta.
Nem toda matéria é uma ferramenta. Há matérias que só são usadas imediatamente.
Toda ferramenta é uma matéria, pois a ferramenta tem sempre um uso.
Há duas formas de materialização da matéria-prima. (1) A matéria-prima transforma-se em matéria, mediante o trabalho de um corpo, que nela se acumula, transformando-a em mercadoria. (2) A matéria-prima à disposição torna-se mercadoria, também, mediante a apropriação, isto é, mediante a relação que se estabelece entre ela e um corpo, que a defende contra outras relações de apropriação. Assim, a matéria-prima ganha um valor de troca.
Quando é apropriada, quando possui um valor de troca, a matéria-prima à disposição transforma-se em mercadoria, por ter acumulado o trabalho de apropriação.
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