O Poder diz a Hefestos, que sob as ordens de Zeus faz algo que detesta, a retenção de um parente, Prometeu:
– "Bate mais forte, aperta, não deixe jogo; pois ele é capaz de encontrar uma saída para uma situação inextricável"*.
Hoje, de forma diferente, nas relações de poder, conta-se com esse jogo, com essa folga, relativamente grande, com esse campo de ações possíveis, toleráveis. E é exatamente nesse jogo que nos embaraçamos nas malhas do poder.
O Poder hoje diz a Hefestos: – deixe o jogo, não aperte tanto, afrouxe, mostre-lhe apenas o intolerável, apenas oriente-o quanto aos limites do seu universo de ação, apenas lhe diga e convença sobre isso de que ele é feito, discurse sobre a sua essência finita, assim esse sujeito estará tão preso quanto antes, e nós, do nosso lado, faremos menos esforço.
Quando o Poder não assujeita um imortal, mas um mortal, torna-se a fala da biopolítica.
(*) Ésquilo. Prometeu acorrentado.
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