Beto Brant: cão sem dono
Fui assistir a esse filme do Beto Brant, filme novo e gaúcho. Muito bem feito. A história é simples. Os atores são cativantes. E a vida, essa vida nua dos personagens. "Leia-me a alma" - pede Marcela. Ele responde o que ele sente, o que ele percebe pelos sentidos, o corpo. O corpo essa é a própria poesia. Muito bem. Nessa frase está o filme. Que retrata a vida, a vida mais propriamente em si mesma. Ali sob o poder medical, que de biopsias, que de auscultações, que de investigações. Esse sem dono: essa liberdade do cão, da vida de cão. E a transcendência, nessa vida de cão? Barcelona transcende. Ninfoma transcende. E o desejo de viver de Marcela. Como explicar Marcela? Muito bem. Estamos aí jogados na vida simples, de todos os dias, diante de nossos olhos, e à nossa volta, da tela para fora dela sem descontinuidade. As cenas asperas, plenas de realidade. Enfim, um filme que se põe diante do nariz e com cheiro conhecido.
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