Poderíamos resumir a atividade física e a orientação metafísica no mundo, segundo Aristóteles, da seguinte maneira, como um transvislumbrar.
Toda atividade física (ou mudança) visa à atualização de uma essência, que é o fim e o bem próprio à atividade. No entanto, nesse bem específico à atividade, e como que através dele, o ativista vislumbra, pré-conscientemente, o bem supremo, a plena perfeição de uma atualização integral, de um ato puro, de uma realização absoluta, que ele toma como uma meta absoluta e última no próprio alcance restrito de sua meta específica.
Este bem último, supremo, absoluto, final, transvislumbrado em toda atividade, é a resposta exemplar à questão do atingir uma meta. Este bem último é o que significa alcançar uma meta, e, nisso mesmo, ele é o princípio (transcendente) de toda atividade.
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Ora, esse transvislumbre é exatamente o oposto do “sentimento natural que todo ser tem por si mesmo [...], sem consciência refletida do passado nem do futuro, na pura atividade atual do presente que passa. É o presente da duração vivida, do tempo do desejo sem objeto”*. Exatamente o oposto de um olhar que não passa através das coisas, mas que permanece como toque e na superfície de si e das coisas.
(*) BOVE, Laurent. Albert Camus, de la transfiguration: Pour une expérimentation vitale de l’immanence. Paris: Publications de la Sorbonne, 2014. P. 46.
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