O que fez Platão com a idea?

O que fez Platão com a idea? Manteve o significante idea, mudou-lhe o significado.

Originariamente (no momento em que o ser das coisas se mostrava na língua), [mas, afinal, o que tem de fato uma origem firme e, ainda mais, uma origem perdida? O que é postar-se nesse senão-mítico originário? Tudo não é esse ser-devir de um permanente postar-se na origem imperante? A origem está no passado perdido, ou acha-se eternamente no presente? Origem não é princípio, e princípio, arché (força imperante)?] idea significava o aspecto visual, a forma-figura em que uma coisa se mostrava como tal coisa, na sua autolimitação. A silhueta-limitante de uma coisa estaria imanentemente ligada ao seu ser-próprio (pois a sua limitação, o alcance do seu limite-peras, na qual a coisa autoconstitui sua periferia não lhe é imposta desde fora)*.

Platão se apropria do significante e do significado originário para significar outra coisa. Platão, por idea, já não indica o aspecto visual da coisa, mas o inteligível do qual a coisa participa, isto é, seu verdadeiro ser não degradado.






(*) HEIDEGGER, Martin. An Introduction to Metaphysics. Trad. Ralph Manheim. London: Yale University Press, 1987 [1953]. P. 60.

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