Como, pelo próprio princípio do real, somos levados ao irreal



Tudo começa com a exigência da realidade em postergarmos o prazer (o que Freud chamou de princípio da realidade). Aprendemos a postergar o prazer, para um momento futuro apropriado, e a encarar a premência da realidade no presente. Esse dispositivo razoável de adiamento do prazer, no entanto, acaba fixando-se; até a vida de prazer tornar-se possível apenas depois da vida e num outro mundo. Esse é o “mito religioso especial”*, que expressa a transformação do princípio da realidade em princípio da irrealidade.




(*) FREUD, Sigmund. Formulações sobre os dois princípios do funcionamento psíquico [1911]. Trad. Paulo César Lima de Souza. In: Obras completas. Vol. 18 (1911-1913). São Paulo: Companhia das Letras, 2010. P. 117.

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