Era realmente por causa de jantares como este que todas essas pessoas se enfeitavam e recusavam deixar os burgueses entrar em seus salões tão reservados? Para jantares tais como este [que eu acabei de presenciar]? [seriam esses jantares] os mesmos se eu tivesse estado ausente? Tive por um instante a suspeita, mas seria demasiado absurdo. O simples bom senso me permitia afastar essa suspeita.*O bom senso parece indicar que esses jantares são muito especiais. E portanto muito diferentes se “eu”
não estivesse presente. Ou será que o bom senso indica que a “minha” presença em nada os afeta, e que minha ausência lhes seria absolutamente indiferente?
Mas, afinal de contas, será que o senso analítico “me” permitiria colocar a questão da minha ausência?
“Se uma parte da matéria fosse aniquilada, juntamente também esvaeceria toda a Extensão.” **
(*) PROUST, Marcel. Le Côté de Guermantes I et II. Paris: Le Livre de Poche, 1992 [1920]. P. 604.
(**) SPINOZA, Benedictus de. Opera Posthuma. –: –, 1677. Epistola IV. P. 404.
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