Se o lógico e o ontológico, como se pensa desde Aristóteles, são o mesmo, então, como pôde existir a contradição entre o pensamento e o ser, entre a obra e a vida?
E é justamente este princípio, de que a obra exprime a vida, que Spinoza retoma, quando, para provar sua fé e se defender da acusação de ateísmo, adianta o exemplo de sua vida:
“Os ateus, com efeito, têm o costume de procurar sem medida as honras e as riquezas, coisas que eu sempre desprezei, como sabem todos aqueles que me conhecem’’*.
Dessa maneira, o interesse de Colerus pôde advir de uma incômoda suspeita sua: – a de que a obra de Spinoza não fosse tão abominável quanto lhe parecia.
(*) SPINOZA, Benedictus de. Lettres. Trad. Ch. Appuhn. In: Oeuvres IV. Trad. Charles Appuhn. Paris: GF Flammarion, 1966. Carta XLIII. P. 272.
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