Reexplicando...
Como se forma a ideia de um belo ser humano, quando consideramos o belo como o incomum, como o perfeito, como o divino?
O belo humano forma-se com a própria ideia de humano.
A ideia de um ser humano se forma, por indução, da relação entre dois entes humanos, do que há de comum entre esses dois entes. Será tanto mais ideal, quanto mais entes forem considerados nessa indução do comum a todos os entes considerados.
A verdadeira ideia de um ser humano corresponde, então, ao que é comum a todos os entes humanos, sem exceção. Esta ideia está entre todos os entes humanos, mas em nenhum em particular. Como não está em nenhum ente em particular, considerados todos os entes, esta ideia é dita incomum.
Apesar de ter sido formada, por indução, do comum a todos – numa inversão do pensar –, esta ideia é dita causa da humanidade, é posta no princípio e divinizada, apesar de ter surgido no final.
Como incomum é dita divina, bela e perfeita – tudo isso sendo uma só coisa. O belo é dito incomum, divino, perfeito, quando, de fato, é o que há de mais comum, humano, vulgar.
Ao invés: "Com efeito, a não ser respectivamente à nossa imaginação, as coisas não podem ser ditas belas ou disformes, ordenadas ou confusas"*.
(*) SPINOZA, Benedictus de. Opera Posthuma. –: –, 1677. Carta XV a Oldenburgio, p. 439.
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