O muro da nossa cidade já não é aquele que encerra uma extensão. Mais assemelha-se às paredes de um labirinto. Como se o limite, que antes discernia o que está dentro do que está fora da cidade, tivesse excrescências, desvios, múltiplas bifurcações, complexos desdobramentos. De tal modo que os transeuntes, quando se deparam com o muro, que de súbito interrompe seu caminho, nunca sabem de que lado estão, na cidade ou fora dela.
A cidade tornou-se infinita ou uma utopia. Por isso, o sonho recorrente do cidadão, como o do camponês, envolve o fio de Ariadne, que os guiaria de volta para o lugar sem muros – extensão contínua e não fragmentada de cidade ou de natureza.
Reconhecendo o sonho, ao acordar, ambos se dão conta do mito da cidade como artifício. O cidadão, habitante da cidade, não é diferente do camponês que vive na natureza sem justiça.
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