Disposição índia XIII – OyG


Ao ler Ortega y Gasset* (parecem dois, mas se trata de um só), quando ele fala do vulgo e do nobre, não posso me impedir de lembrar daquelas duas disposições que eu havia mencionado, a disposição índia e a disposição superação-de-si.

Mas a orientação de OyG, a maneira com que OyG passeia pelo mundo dividido em dois, é exatamente adversa à minha. OyG condena peremptoriamente, em nome do que é nobre, o vulgo, o selvagem, que para ele é igual ao bárbaro, como um perigo vital. Aí novamente a vida... e, portanto, a biopolítica.

E mais, a diferença entre o nobre e o humano vulgar, para ele, é uma questão moral. O nobre reconhece e assume o esforço necessário para superar a si mesmo. O vulgo, indolente, vive sem esforço; apenas usufrui dos frutos do esforço civilizatório.

“Um livro lúcido”, assim alguém julgou esse ensaio de OyG. Não me parece, no entanto, que haja lucidez ali, mas uma arraigada impossibilidade de enxergar o que estava acontecendo, porque preconceituosa. O preconceito é indesculpável no pensador, pois no preconceito deixa-se de pensar.

(*) ORTEGA Y GASSET, José. La Rebelión de las Masas. 1936.

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