A massa vem depois II


...Assim, alguns dos críticos da massa inclinaram-se para líderes supostamente enobrecidos. Com o desejo de evitar a massa, desviaram-se para o lado da sua causa: os nazismos, os fascismos, os personalismos, as ditaduras, os regimes de heróis virtuosos... (como, em pista viciada de boliche, as bolas, para a canaleta).

Foucault já nos alertara sobre isso, inclusive a respeito de críticos do capitalismo, na ideia de que “o capitalismo produz a massa” [...] “Vocês encontram em Sombart [o sociólogo do primeiro nazismo]  de fato, desde os anos 1900, esta crítica que vocês bem conhecem e que se tornou, hoje em dia, um dos lugares-comuns de um pensamento do qual não sabemos ao certo qual é a articulação e a ossatura, crítica da sociedade de massa, sociedade do homem unidimensional, sociedade da autoridade, sociedade de consumo, sociedade do espetáculo etc. É isso o que dizia Sombart. É disso que os nazistas se apropriaram...”*




(*) FOUCAULT, Michel. Naissance de la biopolitique: Cours au Collège de France, 1978-1979. Paris: Seuil/Gallimard, 2004 [1979]. P. 117.

Nenhum comentário: