Espiritualidade, nexus, política II


A vontade de um nexus outro não é atribuível somente ao sujeito. Não é o sujeito que quer a ruptura, quer dizer, não é o sujeito que a quer em primeiro lugar. Não é a vontade do sujeito sozinho que quer a ruptura. É a vontade constituinte do nexus ainda-não já-presente (que envolve a vontade dos sujeitos na vontade de um mecanismo de poder, na vontade de um regime de verdade). É a outra articulação das vontades que rompe a articulação presente. 

O objeto da vontade do sujeito só se constitui numa técnica, numa prática. Isso que o sujeito quer é efeito de um modo de objetivação. Este modo de objetivação (junto com os modos de assujeitamento e de subjetivação) é componente de um nexus. Assim, na “espiritualidade política”, na vontade de ruptura de um nexus, já deve estar presente, embora ainda não de maneira dominante, a vontade de um nexus outro.

Todos estes termos (vontade, sujeito, poder, verdade, nexus), porém, não apontam para entidades, não têm entidade. Só ganham entidade numa ontologia. Mas toda ontologia é uma ficção.

Isso que se inventa numa ficção é uma posição para o sujeito (consequentemente, uma posição correlata para a verdade e para o poder). Isso que se inventa numa ficção é uma nova articulação das vontades, é um outro nexus

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