Spinoza e os outros: três liberdades

A liberdade, para Spinoza, tem três aspectos: o ético, o político e o econômico.

DEFINIÇÕES

A liberdade ética é alcançada pelo ser humano que é conduzido pela reta visão da própria mente e, não, cegamente, pelo jogo variável e instável dos afetos.

A liberdade política, quando não há obediência a um outro.

A liberdade econômica, por sua vez, é a liberdade de não ser servo/escravo, ou seja, a liberdade de produzir a sua própria utilidade e não apenas a utilidade de um outro.

PROPOSIÇÃO

Estas três liberdades estão articuladas de tal maneira que é impossível alcançar a liberdade ética, sem alcançar, simultaneamente, as outras duas.

DEMONSTRAÇÃO

O ser cativo é, ao mesmo tempo, o ser que serve a um outro e não a si próprio, que obedece o que lhe comanda um outro e o que se deixa guiar pelos afetos.

O grau zero de liberdade parece ser a liberdade econômica. Se produzo o que me serve, sou economicamente livre, mesmo eventualmente obedecendo às ordens de alguém. Mas não posso ser politicamente livre e, ao mesmo tempo, servo. Já que servir aos outros, sem obedecer-lhes, é um contrassenso (está em oposição com o desejo que somos).

No entanto, pergunto-me, posso ser politicamente livre (fazer de tudo, sem obedecer a ninguém) sem ser eticamente livre, isto é, sendo guiado, não pelos próprios olhos da mente, mas pelos afetos? Bom, parece que não. Já que o jogo dos afetos está ligado à relação de um ser com os outros.





Um comentário:

Divino Ribeiro Viana disse...

Este conceito de multidão é complicado, parece que nele está inserido estes três aspectos da liberdade (política, ética e econômico). Será que tudo não se resumiria a liberdade política Leon? Na multidão?
Divino Viana - divinoviana@gmail.com