Exercício de linguagem III

Ora, o esquecimento*, para Nietzsche, é uma força [digestiva] ativa (não uma fraqueza humana) que, ao apagar de nossas consciências os nossos assentimentos e as promessas que fizemos, nos deixa livres, como são livres os jovens para afirmar o novo de novo.

Mas, o espírito-livre, em sua liberdade de pensamento, não se esquece de que tudo é uma ficção e um produto da história. Isso, porém, paradoxalmente, é o que o impede de pensar verdadeiramente, ou seja, de ser livre para afirmar sem receio, sem a coerção de sua consciência comprometida, um conceito novo ou uma ontologia nova. 

Por isso, nós, os espíritos-livres, somos fracos de espírito.



(*) NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Trad. Paulo César Lima de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2003 [1887]. II, 1. P. 47.

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