O desgosto (o
nojo) que sentimos dos outros é, às vezes, o desgosto que sentimos de nós
mesmos.
Tomemos alguém que
admiremos por suas qualidades que, em nossa imaginação, acentuamos
demasiadamente. Essa admiração que temos pelo outro se reflete em uma
depreciação de nós mesmos, pois, referidas às qualidades do outro, imaginamos
nossas próprias qualidades muito inferiores – e isso nos entristece.
Esta tristeza que
sentimos com nós mesmos nos enjoa. Para evitar esse enjoo com nosso próprio
ser, mecanicamente, projetamos o desgosto sobre o outro que admiramos, e o, ao
invés de apenas admirá-lo, ficamos enojados com ele, pois o imaginamos como causa do nosso desgosto. O nojo se sobrepõe, neste
caso, à admiração.
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