Mecanismos afetivos XIV – rebatimentos


O desgosto (o nojo) que sentimos dos outros é, às vezes, o desgosto que sentimos de nós mesmos.

Tomemos alguém que admiremos por suas qualidades que, em nossa imaginação, acentuamos demasiadamente. Essa admiração que temos pelo outro se reflete em uma depreciação de nós mesmos, pois, referidas às qualidades do outro, imaginamos nossas próprias qualidades muito inferiores – e isso nos entristece.

Esta tristeza que sentimos com nós mesmos nos enjoa. Para evitar esse enjoo com nosso próprio ser, mecanicamente, projetamos o desgosto sobre o outro que admiramos, e o, ao invés de apenas admirá-lo, ficamos enojados com ele, pois o imaginamos como causa do nosso desgosto. O nojo se sobrepõe, neste caso, à admiração.

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