Percebi isso da seguinte maneira: comprei pão e o deixei num canto do quarto. Fiquei entretido lendo. Algumas horas depois, o cheiro do pão ficou extremamente perceptível. Estava com fome.
Entre outras coisas, esta experiência indica que a sensibilidade não é algo que remeta apenas à passividade. Há uma espécie de atividade na percepção do sensível – uma afinidade eletiva.
Meu corpo sente o pão mais intensamente quando ele deseja comer.
A sensação de um corpo por outro tem como condição uma comunidade dos dois corpos: essa comunidade é a afinidade. Que um corpo ative ou não sua sensação de outro corpo, isso remete à eleição. Por isso digo que a atividade da sensibilidade é uma afinidade eletiva. (Fora da discussão fica a ideia da consciência, da vontade e de tudo que se entenda como anterior ou exterior à relação dos corpos.)
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