A linguagem é como um grande lago, à beira do qual todos nós habitamos. De suas águas retiramos nosso sustento. Nelas batizamos nossos filhos. A elas retornamos os nossos mortos.
Para além desse lago, está o infinito deserto, aonde podemos nos aventurar somente com grandes carregamentos de água.
Cada ponto desse deserto é exatamente igual a qualquer outro, de modo que, ao nos deslocarmos, não percebemos o movimento, e tudo se passa como se não saíssemos do lugar.
O além, que houveramos concebido infinito, então nos aparece como finito, reduzido a um único ponto.
Só então nos damos conta de que, quando perdemos nosso lago de vista, perdemos também o caminho para achá-lo novamente.
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