Minha linguagem não é minha...

A linguagem é como um grande lago, à beira do qual todos nós habitamos. De suas águas retiramos nosso sustento. Nelas batizamos nossos filhos. A elas retornamos os nossos mortos.

Para além desse lago, está o infinito deserto, aonde podemos nos aventurar somente com grandes carregamentos de água.

Cada ponto desse deserto é exatamente igual a qualquer outro, de modo que, ao nos deslocarmos, não percebemos o movimento, e tudo se passa como se não saíssemos do lugar.

O além, que houveramos concebido infinito, então nos aparece como finito, reduzido a um único ponto.

Só então nos damos conta de que, quando perdemos nosso lago de vista, perdemos também o caminho para achá-lo novamente.

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