A psicanálise explica o totemismo, e essa explicação explicita e confirma a teoria psicanalítica.
Essa circularidade lógica é um problema impeditivo apenas quando se tem uma concepção arquitetônica da filosofia ou do pensamento. Digo arquitetônica, talvez não muito adequadamente, quando se entende a construção do pensamento a partir da metáfora da construção de uma casa, cujas partes mais elevadas se apoiam naquelas mais baixas, e finalmente naquelas assentadas sobre as suas sapatas fundamentais, que por sua vez se assentam num solo absolutamente firme.
A organização do pensamento (sua sistematização), no entanto, não se constrói verticalmente ou linearmente, mas em círculos ou em espiral. As partes ou as ideias do pensamento se desdobram indefinidamente umas das outras, incorrendo nesse processo necessariamente em contínuas petições de princípio, pelas quais aquelas ideias se afirmam, e também se transformam, mutuamente. Uma ideia do pensamento nunca é (realmente) separável da totalidade das outras.
Assim, a lógica da petição de princípio não é um impedimento, mas a efetividade (a lógica efetiva) do pensamento.
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