Ser e nada, existência e morte


A questão fundamental da metafísica e portanto da filosofia, para Heidegger, a questão leibniziana: “por que há entes e afinal não antes o nada?”, afirma que pensar o nada (apesar de ilógico para o lógico) é uma condição sem a qual não se pode pensar os entes na sua totalidade, o ser da totalidade dos entes, o ser, a realidade do ser. Apenas o nada nos coloca verdadeiramente diante da realidade do ser. Da mesma maneira: pensar a nossa própria morte (e é isso que parece em jogo para cada um de nós) nos coloca a realidade da nossa própria existência. 

Mas, quando experimentamos radicalmente a verdade de que a morte é a realidade da nossa existência, então, mortais, como que nos retiramos de entre os entes em suas relações causais e em sua densa plenitude sem vazio, e a liberdade (essência da verdade) nos toma e nos abre para uma tomada de decisão acerca dos entes.

Para Spinoza, por outro lado, a ideia que exclui a existência do nosso corpo (a ideia de nossa morte do corpo, que é também a ideia da morte de nossa alma), não pode ser dada em nossa mente, mas é contrária a ela (e3p10).

Até posso ter adequadamente a ideia da morte, mas não adequadamente (em verdade) a ideia da minha própria morte.


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