A caminho de Moscou, tudo em minha mente (e ela mesma inclusive) se descristaliza. Como se estivéssemos incondicionalmente atrelados a uma pérpetua e infinita estação de trem, passando apenas de um a outro cais, trocando de linhas e trilhos, sem qualquer verdadeira destinação ou destino.
É provável que, nessa imagem, eu esteja ainda sob o impacto da colocação dos filósofos: “não se pode cristalizar o ser”. O ser é solúvel em si mesmo (a grande estação ou biblioteca), e não há depósitos sedimentados, sequer características ou padrões de sedimentação, no fundo do ser. Só há trilhos e viagem, nenhuma identidade, nenhuma cidade, onde descer do trem.
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