Valor pragmático


Sejam A e B duas pessoas diferentes. E “S”, uma sentença afirmada tanto por A como por B.

Ao enunciarem “S”, em geral, não é necessário que digam: – É verdade que S. Basta: – S!, para que se suponha uma pretensão de verdade tanto de A como de B.

Mas da simples afirmação de “S”, não podemos deduzir seu valor ou sentido pragmático. Ao se afirmar “S”, não se supõe que se diga ao mesmo tempo: – É bom que S. Nem tampouco: – É mau que S.

Por exemplo, Spinoza poderia afirmar isso mesmo que Calvino afirmara:

“Eu digo que a natureza humana é tal que cada homem seria [se pudesse] um senhor e um patrão sobre os seus vizinhos, e nenhum homem seria por sua boa vontade um súdito”*.
Mas Calvino diria: – E isso é ruim. Spinoza, pelo contrário: – E isso não é bom nem ruim.

(*) CALVINO apud CURLEY, Edwin. Introduction and notes. In: HOBBES, Thomas. Leviathan. Indianapolis/Cambridge: Hackett, 1994. P. 58, nota 1.

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