Hobbes (1) – governar os outros

Governar para Hobbes (Leviatã_1651: II, XXXI, 2) é dirigir os sujeitos, estabelecendo o campo de virtualidades e realidades de suas ações.

O campo de virtualidades são as promessas e as ameaças do soberano. As virtualidades são constituídas pelos imperativos hipotéticos que ameaçam punir os injustos e prometem vingar os injustiçados.

As realidades são o sentido firme que os sujeitos encontram como efeito de suas ações, sentido que é adquirido pela efetividade das recompensas e das punições do soberano.

A realidade, portanto, é um efeito, que depende da certeza ou da crença na concretização da reação do soberano.

O sentido do real, no governo hobbesiano, está vinculado a essa crença dos sujeitos no poder do soberano para realizar o campo de virtualidades.

O sentido do real, em Hobbes, é o que assegura o sentimento de paz e concórdia entre os homens, articulado com o medo das punições e a esperança das recompensas. A paz e a crença de paz no futuro estão na base do processo civilizatório. Não há civilização sem garantia da paz.

Quando o soberano falha e não cumpre promessas e ameaças, quando o campo de virtualidades não se realiza, o sentido do real fraqueja. O real se esfacela. A civilização perde seu ponto de apoio. A barbárie emerge.

Hobbes (2)

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