Riobaldo, o filósofo, conta a história de Davidão, que, morto de medo de morrer, faz um pacto, garantido pelo Não-há, com Faustino.
Se, nos percalços e peripécias das batalhas, chegasse a vez derradeira de Davidão, seria Faustino que morreria em seu lugar. Para tanto, Davidão passava para Faustino, em avanço, algo como 10 mil contos.
Ocorreu que, depois de uns tempos, e com o recrudescimento das lutas, Faustino se arrepende do pactuado, quer desfazer tudo e devolver o dinheiro para Davidão.
Porém, para Davidão, pacto é pacto, tem que ser respeitado. Faustino não concorda, porque ele não quer mais isso. A discussão se acende e se aquece. Os dois lutam, primeiro com as palavras, depois com os corpos.
E vai nisso, cada vez pior, até que Faustino encontra o punhal e desafia de morte seu amigo.
Esse é o impasse de Faustino. Se mata, morre-se.
O punhal na mão de Faustino, empunhado. A ponta, a sua máxima ponta, tocando a pele do peito de Davidão, empurrando já ela para dentro. Mais um pouco, e o ataque de Faustino entra em contradição performartiva.
Isso é o suicídio.
Riobaldo, apud ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. P. 85.
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