Apenas detalhes, ou não são?
Para Hegel, história é a Grande História, a história dos Estados, dos vitoriosos, das suas guerras, dos seus grandes homens, que magistralmente passam o umbral do esquecimento para a “glória imortal”*.
O sujeito da história é a divindade encarnada nestes homens, que, através destas guerras, levam adiante, mesmo sem saber, inconscientemente, o plano da razão no mundo.
Todo o resto múltiplo, as minúcias, são desprezíveis; deve ser esquecido. Os meros adornos do progresso não merecem consideração histórica. O que importa são as transformações efetivas do espírito, a afirmação da razão acima do sofrimento dos indivíduos, simples meios da história.
Já Walter Benjamin enaltece o cronista, que conta toda a história, em todos os seus mínimos detalhes, minúcias, meandros intermináveis. Só assim o gesto da menina nua, que chora para sempre, adquire um sentido histórico**.
Para a história da menina da foto, ver: estadão.
* HEGEL, G. W. F. Principes de la philosophie du droit. Trad. Jean-François Kervégan. Paris: Quadrige / PUF, 2003 [1821]. §348, p. 435.
** Cf. a tese III de Walter Benjamin, Sobre o conceito de história.