Um afeto muito antigo, profundo. Dominador e
engolidor, quando presente. Um afeto em si mesmo sem história, que não progride
nem muda – um afeto vital (conectado à mais negra bílis). Um afeto que volta,
vez por outra, cru, nu, sem máscaras – não é possível interpretá-lo, porque ele nada significa.
Ressurge, hoje, de um calabouço escondido, onde é mantido pelas
potentes travas da existência, como um monstro medonho que, por sua
malignidade, é trancado atrás de sete portões e sete chaves, produzidos com sete
diferentes metais.
Todo afeto está ligado à imaginação. Este, à imaginação de coisas monstruosas. Assim, vai contra a própria imaginação, que, por princípio, se esforça por imaginar coisas que nos causam alegria.
“A mente, tanto quanto pode, esforça-se por imaginar coisas que aumentem ou favoreçam a potência de agir do corpo”. (Spinoza, Ethica III, prop. 12)
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