Almoço em uma cantina de trabalhadores, situada ao
lado de um restaurante típico, surpreendentemente elegante, provavelmente
frequentado por funcionários do partido.
Grandes mesas num salão suficientemente
aquecido por um sistema que me pareceu eficaz, e que nunca tinha visto antes.
Quando me aproximei das caldeiras, que dispunham de grandes pás circulantes que
distribuíam o ar quente, mas umidificado, por todo o salão, pude perceber uma
plaqueta metálica indicando sua fabricação e procedência alemãs (tratava-se, então,
de uma oferta de solidariedade do sindicato berlinense? Como saber?).
Em um grande samovar, servia-se chá, mas tão
açucarado que eu não consegui beber. Os moscovitas colocam açúcar em tudo, numa
quantidade insuportável para um organismo berlinense. Abandonei meu copo quente
de chá, o mais discretamente que pude, sobre uma mesa em que se empilhavam
pratos e talheres sujos que voltariam para a cozinha.
Sentei-me numa mesa vazia, com meu prato de
comida. Pouco depois, juntaram-se a mim, vários trabalhadores com pratos cheios
ao máximo. Uma jarra de chá doce foi colocada entre eles. Um jovem, que não
retirou de sobre sua cabeça o seu gorro de lã, fez sinal de que eu poderia me
servir, se quisesse. Declinei, e agradeci.
Passei alguns momentos aliviado, entre os
trabalhadores e seu frescor. Conversavam animadamente entre si. Embora eu nada compreendesse,
podia perceber que compartilhavam muitas ideias, e que havia, entre eles, todo
um mundo em comum, às quais e ao qual eu não tinha o menor acesso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário