Se a realidade é uma só, a verdade não contradiz a verdade.
Então, no ponto que vou expor a seguir, ou Freud está certo, ou Spinoza.
Para Freud, o princípio do prazer atua no sentido de corrigir para baixo um aumento da tensão psíquica, de tal maneira que “seu resultado final possa coincidir com uma baixa dessa tensão e assim com uma evitação de desprazer ou com uma produção de prazer”*.
Para Spinoza, por outro lado, ao prazer ou à alegria corresponde um aumento da potência de pensar; enquanto à dor ou à tristeza, uma diminuição dessa potência**.
Para que os dois estejam certos, a tensão psíquica de Freud deveria ser o exato inverso da potência de pensar de Spinoza, o que não parece fazer muito sentido.
Ou, ainda, talvez, estejamos falando de duas realidades distintas.
(*) FREUD, Sigmund. Au-delà du principe de plasir. Trad. Jean-Pierre Lefebvre. Paris: Points, 2014 [1920]. P. 73.
(**) Conferir Ética III, proposição 11 e escólio.
(**) Conferir Ética III, proposição 11 e escólio.
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