A morte, a guerra e o pensamento
Uma certa filosofia da afirmação da vida, que agora podemos chamar de filosofia erótica, se não a desprezou, foi indiferente em relação à morte.
Para Epicuro, a morte não tem qualquer relação conosco: pois enquanto estamos aqui, a morte não está, e quando a morte está, nós não estamos*. E para Spinoza, nessa linha: “Não há nada em que o humano livre pense menos do que a morte.” (e4p67).
No entanto, desde à Primeira Guerra Mundial... desde tantas repetições da dor humana, desde tanto excesso da pulsão de morte**, vivemos em um ambiente de violência, hostilidade e guerra, que fez da morte algo, para nós, onipresente. Pensar a morte tornou-se para o pensamento contemporâneo incontornável.
A necessidade de se pensar a morte nos conduziu à filosofia da guerra, que é a filosofia propriamente contemporânea. Todos os filósofos, afinal, são filósofos da guerra. Temos a filosofia em um mundo em que a felicidade (e com ela a democracia) tornou-se uma realidade encoberta.
(*) Conferir: LAÊRTIOS, Diôgenes. Vie et doctrines des philosophes illustres. Trad. diversos. Paris: Le livre de poche, 1999 [250]. Livro X (Epicuro, Carta a Meneceu), §155. P. 1309.
(**) Mesmo que ela não seja, como pensava Freud, uma pulsão independente da pulsão de vida.
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