O corpo negado


A espetacular Guerra do Golfo (1991) e a ideia de “guerra limpa”, bombardeamento milimétrico, sem casualidades civis, sem cadáveres, sem sangue.

Não estaria aí espelhada (como imagem invertida) a origem do contraparadigma dos humanos-bomba? A imagem paradoxal da auto-afirmação pela morte, pelo martírio dos corpos, a possibilidade do testemunho de fé no além e da injustiça mundana pela imolação do corpo próprio e de outrem, não seria apenas a imagem invertida do espetáculo da guerra limpa? Guerra limpa e humano-bomba partem em direções opostas, mas, na superfície do espelho, estaria a mesma negação dos corpos.
“A RNG (Revolução nos Negócios da Guerra) e o homem-bomba suicida, ambos negam o corpo.”  NEGRI, Antonio; HARDT, Michael. Multitude: War and Democracy in the Age of Empire. New York: Penguin, 2004. P. 45.

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