Uma ideia balzaquiana de poesia II


“LUCIANO: – Se o objetivo da poesia é colocar as ideias no ponto preciso em que todo o mundo as pode ver e sentir, o poeta deve incessantemente percorrer a gama das inteligências humanas a fim de satisfazer a todas; ele deve esconder, sob as mais vivas cores, a lógica e o sentimento, duas potências inimigas; é preciso ele encerrar todo um mundo de pensamentos dentro de uma palavra, resumir filosofias inteiras por meio de uma pintura; enfim, seus versos são os grãos dos quais as flores devem desabrochar nos corações, seguindo, aí, os sulcos cavados pelos sentimentos pessoais.”*

A poesia é, para Luciano, um grão de ideias que pode germinar na fertilidade do sentimento de qualquer um. Se o filósofo é um criador de ideias, o poeta é um semeador de ideias. A poesia, uma popularização da filosofia. 

Então, assim que o filósofo leva uma ideia a todas as inteligências, ele se torna um poeta. – É isso?


(*) BALZAC, Honoré de. Illusions perdues. Paris: Gallimard, 2010 [1837-1843]. P. 116.

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