“...combate diuturno”


A luta histórica da “razão” humana é a história da luta contra a natureza. Mas a condição natural humana, de fato, não é uma condição de luta contra a natureza, mas a condição de “guerra de cada homem contra cada homem”*. Certamente, porém, não de cada um contra cada um (isso seria “ideologia”), mas de grupos contra grupos, raças contra raças, classes contra classes**.

Desse modo, a história deixou de contar o conhecimento que tem da luta do humano contra a natureza, para contá-la, de modo verdadeiro, como história da dominação do humano pelo humano.

A cooperação entre os humanos, na sua luta pela produção da sua historicidade (que é, antes de tudo, a luta pela produção das suas condições de vida na natureza), é, historicamente, uma divisão do trabalho, que determina a relação entre quem trabalha e quem não trabalha, entre quem impera e quem não impera, enfim, entre os dominadores e os dominados: “A história das sociedades não foi mais do que a história das lutas de classe”***.


(*) HOBBES, Thomas. Leviathan. Indianapolis/Cambridge: Hackett, 1994 [1651]. I, xiii, §8. P. 76.
(**) Conferir: FOUCAULT, Michel. Il faut défendre la société: Cours au Collège de France, 1975-1976. Paris: Seuil/Gallimard, 1997 [1976].
(***) MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifeste du Parti communiste. –: Librio, 1998 [1847]. I. P. 70.

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