Os animais não humanos (ou, como são ditos,
os animais “irracionais”) não percebem o restante da natureza como uma inimiga,
contra a qual precisam lutar até dominá-la, para não ser dominados por ela. A
natureza é certamente, para eles, um perigo capaz de aniquilá-los num
instante, mas ela também é a causa imanente de sua existência. Por isso, vivem
sem “história”, como alguns grupos humanos já viveram, e outros vivem, e outros
viverão talvez, no mito, vinculados às leis naturais.
Na opinião de um certo historiador, a história
é uma tomada de conhecimento desse movimento pelo qual o humano (no jogo das
paixões, sob a astúcia da razão) se diferencia, para dominá-lo, do meio
natural. Com essa conscientização, a história torna-se também autoconhecimento
(o conhecimento do movimento dito “racional”).
O conhecimento do que o homem tem realizado no combate diuturno que desde as cavernas vem pelejando para melhorar-se e melhorar o meio em que vive, tal o objetivo essencial da história.*
Dois pontos a se pensar: a ligação da
história com este “melhorar-se e melhorar”. E a ligação deste “combate
diuturno” contra a natureza com o combate dos humanos contra os humanos.
(*) MACHADO, Alcântara.
Vida e morte do bandeirante
[1929]. In: SANTIAGO, Silviano (Org.). Intérpretes do Brasil. Vol. 1. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
2002 [2000]. P. 1209.
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