Depois de reler Epicuro, neste momento de minha vida, chamou-me à atenção a sua regra de autossuficiência.
Asja, por razão da minha dependência em relação a ela, talvez, como ele o diz, me perturbe a alma mais do que ela seja, como eu a sinto, um elemento incontornável da minha felicidade.
Quer dizer, o remédio para a minha falta de Asja não é a Asja mesma, mas eu perceber que minha dependência, a minha necessidade de Asja, é um engano do meu desejo de felicidade. Eu não preciso da presença de Asja para ser feliz, pelo contrário, eu tenho que ser independente de Asja, se quero ser feliz.
Asja está em Moscou há alguns dias. Passamos alguns momentos juntos excelentes (eu disse “excelentes” para não dizer “muito felizes”) e outros não tão excelentes. Ela me serviu de intérprete em várias ocasiões, o que me fez conhecer um pouco mais o tão estranho, do meu ponto de vista, espírito dos moscovitas.
Em uma dessas noites, uma nevasca inadvertida nos deixou aprisionados, durante uma hora quase insuportável para mim, em um pequeno bar de um bairro periférico, cheio de moscovitas animados de vodka que cantavam, a plenos pulmões, canções populares conhecidas de todos. Perguntava-me se eles eram realmente felizes assim como estavam, ou se tratava-se de um engano seu.
Todos enganam-se com o tipo de felicidade que desejam?
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