A história é usualmente concebida como o
movimento de inovação pelo qual o humano socialmente se arranca de uma situação
mítica (estática e fechada – enfim, prisioneira dos tempos, da origem ao fim).
Para Clastres, a situação mítica já é, porém, uma
situação histórica se ela conter (e o mito, dependendo, pode favorecer isso)
alguma espécie de poder coercitivo.
Sociedades sem história, para ele, não são
sociedades míticas, mas sociedades sem poder político coercitivo. E a história é a história das formas de
coerção nas sociedades.
Nesse sentido, podemos dizer, as autênticas
lutas contra a dominação, isto é, quando não são lutas pelo poder coercitivo,
são lutas contra a história. (Agora nos chega mais clara a compreensão do dito-oracular de Herzog.)
Por isso, a tarefa do historiador, para Walter Benjamin, é “escovar a história a contrapelo”; quer dizer, é fazer a história
das lutas contra a história, para acabar com a história (na produção messiânica
da volta ao futuro, da volta ao mítico sem coerção – e o Messias pode entrar
pela nossa porta inesperadamente a qualquer momento).
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