O fato de que “algo” faça mal a A indica,
por si só, alguma comunidade entre este “algo” e A.
Spinoza: – “[...] coisa nenhuma pode ser, para nós, boa ou má, se não tiver algo [em] comum conosco [...]”*.
Portanto, pode-se excogitar, o fato de que
“algo” faça mal tanto a A como a B indica alguma comunidade entre A e B.
Darwin: – “O Homem (Man) é capaz de receber dos animais inferiores, e de comunicar-lhes, certas doenças como a hidrofobia, a varíola etc. Com muito mais evidência do que a comparação sob o melhor dos microscópios ou com a ajuda da melhor análise química, este fato prova a forte semelhança entre os seus tecidos e sangue, tanto no detalhe da sua estrutura como na sua composição”.**
Mas, finalmente, esses fatos podem indicar
nada mais do que um traço de caráter comum não às coisas, mas aos que falam
delas: – o tino filosófico ou a mania de
perceber ou de inventar, constantemente, comunidades entre as mais diversas
coisas.
Proust: – “um certo filósofo que só se satisfaz quando descobre, entre duas obras, entre duas sensações, uma parte comum”.***
(*) SPINOZA, Benedictus de. Ethica [1675]. In: Opera Posthuma, 1677.
e4p29.
(**) DARWIN, Charles. The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex [1871]. In: From So Simple a Beginning: The
Four Great Books of Charles Darwin. New York: Norton, 2006. P. 784.
(***) PROUST, Marcel. La
Prisionnière. Col. Folio
Classique. Paris: Gallimard, 2011 [1923]. P. 6.
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