Precisaríamos saber se, ou em que medida, as contestações de 2009, no Irã, retomam e se vinculam àquelas do glorioso levante de 1978-9. Talvez, sua única possibilidade de sucesso esteja nessa retomada.
A partir da revolução de 1979, estabeleceu-se no Irã uma hierocracia (a intermediação da relação entre a potência da multidão e a divina, por um corpo de teólogos, que se apropriam, em detrimento da multidão, das prerrogativas da interpretação da causa essendi do Reino de Deus).
Pelo menos uma boa parte dos insurgentes de 1978-9 (na época, havia a aparência de unidade, ou havia unidade, mas constituída apenas em torno de alguns poucos pontos incontroversos) não desejava a hierocracia, mas algo como uma teocracia (a sujeição direta de toda a multidão a Deus, que só tem uma solução na democracia – que obviamente não é ocidental como "a nossa").
Hoje, 2009, não parece ser possível a unidade atingida em 1978 (pela inabilidade do Xá e pela habilidade de Khomeini, que não apresentava um programa positivo de governo, mas apenas dizia não ao programa biopolítico do Xá). Ora, foi justamente a potência dessa unidade que consumiu o poder (sempre algo imaginário) do Xá.
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