O suicídio é uma negação daquilo que só sabe se afirmar e se efetuar, e nesse sentido é paradoxal, portanto, impossível, inexistente. Aquilo que só é porque é efetuação, potência, produção sem limites de efeitos, não pode por si mesmo se limitar. Toda potência só é finita porque limitada desde o exterior.
Aquele que se suicida, de certa forma, já está morto. Para que suceda o ato, pelo qual se rompe a conjunção das partes que compõem o suicida, é preciso que essa disjunção já se tenha efetuado antes (logicamente antes). O suicida morre antes de se matar. Quer dizer, antes de se suicidar já estava, logicamente, transformado em outro que ele mesmo. A morte só consuma a disjunção.
De qualquer forma, o martírio não é suicídio, mas uma exposição, uma provocação do limite. O mártir se expõe à morte, mas não provoca sua própria morte. O mártir é morto, não se mata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário