Continuidade-descontinuidade


A propriedade última do pensar, para Platão, seria traçar descontinuidades no real: ideias ou essências. E o bem (e o um?), para ele, estaria para além das essências. Podemos pensar o um, em Platão, como contínuo? Parece que não.

Para Bergson, a propriedade última do pensar seria compreender a continuidade do real, na própria intuição imediata. A continuidade seria o fundo ontológico sobre o qual as descontinuidades que somos (e todas as imagens) se constituem. Viver seria estabelecer, para fins utilitários, no agir, descontinuidades acidentais na matéria: os corpos. Acidentais quer dizer: necessárias apenas para a vida...

Em Freud, o Eu surge do Si – o Si: a força de existir, afirmativa e indeterminada, porque não conhece a sua negação. O Si seria o contínuo; o Eu, o descontínuo. A realidade se distribuiria entre ambas as instâncias. A máxima realidade do Eu: a ideia da morte. A morte seria a meta da vida. A máxima fantasia do Eu: a imortalidade, a permanência indefinida na descontinuidade. A tarefa do Eu (a sua ética em vida): colocar-se ali mesmo onde estava o Si.

Em Bataille: o erotismo seria a aposta, o lance, do descontínuo no contínuo, a afirmação da vida até na morte.

[sem enfeixamentos]






Nenhum comentário: