Filosofia e ficção

Orientamo-nos no pensamento por esse princípio de liberdade: “que toda ontologia seja analisada como uma ficção”*.

No entanto, isso não significa o desimpedimento simples e absoluto do filósofo (justamente, é a resistência do ar que torna possível o vôo da pomba) (e, se a liberdade é uma força atuante e não um alívio, um dom ou um presente de aniversário, somos mais livres quando estamos a cinco passos do tirano) (a nossa capacidade de agir aumenta junto com a nossa capacidade de padecer).

O pensamento, na sua história de invenções, se desdobra “constrangido a compor com o real”**.





(*) FOUCAULT, Michel. Le gouvernement de soi et des autres: Cours au Collège de France, 1982-1983. Paris: Seuil/Gallimard, 2008 [1983]. P. 285.

(**)ARISTÓTELES. Métaphysique. Tome 1. Livres A-Z. Trad. J. Tricot. Paris: J. Vrin, 2000 [1933]. A, 5, 986b31. P. 27.

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