Como disse Carl Schmitt*, os conceitos da
política moderna têm, todos, sua origem na teologia. Apropriação do sagrado,
pelo secular. Mas, por exemplo, a política secular apropria-se, sem
transformá-la, da relação de poder teológica da soberania. Pura apropriação.
Nesse aspecto, segundo Agamben**, a modernidade seculariza o sagrado, mas não o
profana.
A profanação, ainda segundo Agamben, é,
propriamente, uma apropriação transformadora (o gesto típico de Debord). A
profanação apropria-se do sagrado, o traz novamente para o âmbito do uso, mas suprime na coisa profanada a sua anterior
finalidade sagrada. A coisa profana, enquanto permanece profanada, torna-se um puro
meio sem fim***. Como o Césio 137, nas mãos das
crianças de Goiânia.
(*) SCHMITT, Carl. Teologia política. Trad. Elisete Antoniuk. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
(**) AGAMBEN, Giorgio. Profanações. Trad. Selvino José Assmanm. Belo Horizonte:
Ufmg, 2007.
(***) BENJAMIN, Walter.
Critique de la violence
[1921]. Trad. Maurice de Gandillac. In: Oeuvres I. Paris: Gallimard, 2000.
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