Essência no fim ou no começo? Potencial ou atual? – III



Pode nos parecer estranho que isso-que-faz-com-que-uma-coisa-seja-realmente-o-que-ela-é esteja no seu fim e não na sua atualidade (não no seu devir, mas no seu acabamento).

Já que, para nós, isso-que-faz é geralmente uma causa fazedora, uma causa eficiente.

Entretanto, é preciso reconhecer que, para nós, essa causa fazedora, nós a concebemos em geral como externa à coisa e, sendo externa, ela não nos parece ligada à natureza própria da coisa.

Aristóteles pensa em meio às nossas próprias colocações.

Aristóteles concilia nossas duas opiniões comuns (a de que isso-que-faz tem que ser uma causa e a de que a causa fazedora é externa à coisa) com a sua ideia de que a natureza da coisa é a sua finalidade, dizendo-nos que essa finalidade é uma causa – uma causa final.

Ora, a força causal de um fim só pode ser atrativa.

O fim só exerce o seu poder (ou o seu princípio de força) sobre a efetuação do real atraindo-a para si.

A causalidade final, em termos físicos, é uma espécie de força gravitacional – dá o movimento do mundo, porém, não exige seu colapso; pelo contrário, mantém tudo em ordem, e girando, e circulando, em torno do fim último como causa primeira.

Nenhum comentário: